sexta-feira, 23 de julho de 2010

SILÊNCIO ETERNO

Desço as escadas do silêncio
Busco no barulho do meu sentir
Nestas paredes blindadas
onde se esconde
Neste barulho ensurdecedor
que me fere os tímpanos
e se propaga
nos altifalantes
das minhas emoções
Entras!
Espero na porta
Que este barulho
silencioso
Se faça finalmente ouvir
ruidosamente
dentro de mim.
Dói-me pensar
Que andei de noite
Entre silêncios e sedes de mim
E que só a Lua, escondida e secreta
Me guiava os passos de dor.
Doíam-me os perigos
Que me apressavam os pés
No desespero que me quero esquecer
A solidão ecoava em cada canto
Sinal do medo que vivi
No vento que me humilhava
Na tão pesada dor
Em que toda eu me dobrava…
Em miragem à minha fraqueza
A poeira me cercava e rodeava
De coisas que nunca vivi
E a minha alma apodreceu
Na pureza do pensamento
Que sempre persegui
E eu vi que nada em mim
Era a monstruosa voz que me declinava
E me transformava
Delirante e perdida
Fugida de gestos violentos
Que me espantavam a serenidade
Na dor do pensamento…
Não tente me convencer
Com mensagens de Deus
Vocês nos acusam de pecados
Cometidos por vocês mesmos
É fácil condenar sem olhar no espelho
Atrás das cenas abre a realidade.

Silêncio eterno implora por justiça
O perdão não está à venda
E nem a vontade de esquecer

A virgindade foi roubada há muito tempo atrás
E o extintor perdeu sua imunidade
Abuso mórbido de poder no Jardim do Éden
Onde a maçã possui um rosto jovem

Você não pode continuar se escondendo
Atrás de contos de fadas ultrapassados
E continuar lavando suas mãos na inocência.



GÉSSICA